O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain, França/2001)



Certamente um dos mais adoráveis filmes dos últimos tempos, a produção francesa “O fabuloso destino de Amèlie Poulain” consagra-se em virtude da maior riqueza que um filme pode ter, um roteiro inteligentíssimo, e o melhor de tudo, otimista, para cima, alto astral. Num mundo em que a violência costuma ganhar as manchetes dos jornais, “Amèlie Poulain” celebra a vida ao nos colocar em contato com alguém que não aceita as coisas como são ou devem ser, que não se submete a um destino previamente traçado, mas que resolve fazer de sua vida uma existência diferenciada.

Se não bastasse a história inigualável que nos é contada, a escolha de Audrey Tautou, com aqueles belos olhos negros e meiga face, revelou ao mundo uma nova estrela do cinema francês que, como Brigitte Bardot, consegue ser atraente e sedutora até mesmo quando desglamourizada. A inocência da personagem é apenas um toque de charme, mas por trás de sua candura, há uma mulher decidida a tornar o mundo melhor.

Nem sempre suas ações em prol das pessoas que a rodeiam revertem no melhor resultado, como no caso da balconista do restaurante em que labuta, para quem encaminha o ciumento ex-namorado de outra colega de trabalho… Tampouco podemos dizer que suas ações são sempre angelicais, como poderia se supor de alguém que quer tomar o mundo melhor, que o diga o dono da quitanda nos arredores de sua casa, que teimava em ridicularizar, esculachar e dar tapas na orelha de seu funcionário, um jovem que apresenta algum leve distúrbio mental…

Há também mistério na trama, como na história do jovem que montava álbuns com fotos tiradas naquelas máquinas automáticas encontradas em rodoviárias, estações de trem ou locais públicos de grande circulação. Uma das fotos é recorrente no álbum, aparece várias vezes e o homem que nelas surge aparenta ser um fantasma…

Amèlie Poulain também tem drama, romance, comédia… Tudo na medida certa para transformar imediatamente esta pérola do cinema francês, dirigida por Jean-Pierre Jeunet, roteirizada pelo diretor e por Guillaume Laurant e co-estrelada por Mathieu Kassovitz, em um clássico cultuado pelo mundo afora.

Por João Luís de Almeida Machado

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