Não se deixem iludir pelo título adocicado do filme Quando um homem ama uma mulher. Apesar do romance que permeia toda a trama e que se configura através dos personagens principais vividos por Andy Garcia e Meg Ryan, a temática principal do filme gira em torno do alcoolismo e suas conseqüências para a estrutura pessoal e familiar do personagem vivenciado por Ryan.
A história começa a se estabelecer a partir do encontro entre os personagens e o início de seu romance. Não por coincidência boa parte desse amor acontece em ambientes festivos, onde há bebidas alcoólicas e, como conseqüência das mesmas, com os desfechos sendo cheios de risadas, passos trôpegos e corpos que literalmente despencam em sofás ou camas.
O que se percebe é que entre o casal há uma clara sintonia. Apesar de Alice (Meg Ryan) já ter uma filha de outro relacionamento, seu novo marido, Michael (Andy Garcia) é compreensivo, dedicado e resolvido quanto a todas as questões que permeiam sua relação amorosa. Nos jantares, reuniões sociais ou confraternizações de “happy hour” é sempre ela que, para se soltar e se sentir mais divertida, acaba bebendo um pouco além da conta.
O problema é que esses copos a mais não estão mais se restringindo aos momentos de descontração do casal. O consumo de álcool começa a se estender para encontros com amigas ou horas dispendidas no ambiente doméstico na proximidade das duas filhas pequenas. A utilização de bebidas nesses outros espaços e momentos da vida de Alice configuram a transformação de um hábito esporádico numa terrível doenças, o alcoolismo.
A ingestão regular de bebidas como a vodca (que supostamente não deixa rastros de seu consumo no bafo das pessoas) por Alice transtorna sua relação com o marido e as filhas motivando a sua internação para tratamento.
De forma sutil e delicada, tendo uma mulher como protagonista da questão central, o alcoolismo, Quando um homem ama uma mulher, trata de questões importantes e pertinentes como a degradação física e emocional do viciado em álcool, a desestruturação familiar, a perda dos amigos, a quebra de confiança ou ainda as dificuldades dos tratamentos e as possibilidades de recuperação.
Ainda mais presente, como mencionado no próprio título da produção, transparece a necessidade de apoio, carinho incondicional e amor por parte da família para a recuperação dos alcoólatras. Numa época como a que estamos vivendo, na qual a venda de bebidas para menores é uma realidade, trata-se de uma produção importante para discutir a questão na escola e na comunidade.
Por João Luís de Almeida Machado
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