007 - Quantum of Solace (EUA, 2008)









Daniel Craig não é o melhor Bond da história. Sean Connery continua insuperável. Mas o primeiro 007 loiro do cinema tem a seu favor o fato de que certamente é carismático, charmoso e elegante como os demais [inclusive Connery], mas definitivamente é a mais rancorosa versão do agente que já pairou nas telas. E que isto não soe como um demérito para o ator ou para o novo filme do agente secreto mais famoso das telas.





Tanto em Cassino Royale quanto em Quantum of Solace há adrenalina, ação, Bond girls belíssimas, boas tramas e – diferentemente dos filmes anteriores – menos humor e mais violência. Não há em Craig o jeito irônico que sobrava em Connery, Roger Moore ou Pierce Brosnan. Mas, por outro lado, nenhum deles tem a cara de mal, a expressão fechada e o lado sombrio de Craig…





Quantum of Solace é um dos melhores filmes do agente secreto a serviço de sua majestade. E é justamente no aspecto mais sombrio – quase que como uma continuação de Cassino Royale, a estréia de Craig – e na trama intrincada, com destaque para temáticas atuais [como a ascensão da esquerda na América Latina; questões ambientais; a escassez de água – o recurso natural mais valioso e a provável motivação de muitas guerras no futuro; a corrupção política e o poder das grandes corporações] que residem os principais trunfos da produção.





Os outros quesitos – como a ação, a adrenalina, os coadjuvantes [entre os quais as Bond girls; em Quantum of Solace a principal Bond Girl é a bela russa Olga Kurylenko] não deixam nada a desejar em relação a produções anteriores. Com o fim da Guerra Fria e o deslocamento das atenções para outras partes do mundo, até que demorou um pouco para os produtores da série atentar para o problema ambiental e a escassez de água. Também faltava ambientar novamente a série na América Latina – o que traz de volta a cena a dubiedade quanto a aliança entre americanos e ingleses quanto a interesses econômicos dentro da ordem global.





Emblemática no filme é a fala de um ministro ao se dirigir a M [Judi Dench] e lhe dizer que se não negociarem com vilões, com quem irão tratar? Dá bem uma amostragem de como as coisas andam mal em tempos de globalização e corporações tão poderosas…





Obs. Prestem atenção no vilão do filme, Dominic Greene, protagonizado pelo ator Mathieu Amalric, ele não se parece [fisicamente] com o ex-ministro José Dirceu quando mais jovem?





Por João Luís de Almeida Machado

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