Eu sou a Lenda (I am Legend, EUA/2007)



Will Smith é talentoso, carismático, bem assessorado e campeão de bilheterias. Raramente erra a mão quando entra de cabeça num projeto. Há controvérsias, pois algumas pessoas consideram que sua incursão pela comédia em “Hitch, Conselheiro amoroso” e pela ficção científica na filmagem do clássico livro “Eu, robô” (baseado em obra imortal e indispensável de Isaac Asimov) foram tiros n’água… Eu, particularmente, gostei dos dois filmes, em especial do segundo, que me parece ter mais qualidades do que a maioria das pessoas percebeu…

“Eu sou a lenda”, dirigido por Francis Lawrence, é mais um sucesso de Smith, filme que foi muito bem de bilheterias no mundo todo, mas que, penso eu, deveria ter sido mais bem aproveitado, pois a trama é interessante. A história de uma epidemia que assola o mundo e rapidamente ceifa a vida de milhares de pessoas é certamente fruto de um medo coletivo e inconsciente (como poderá ser visto e apreciado também no mais recente filme de Fernando Meirelles, baseado em obra do escritor português José Saramago, “Cegueira”), talvez resultante de nossos pecados e gula na relação estabelecida com o mundo – a natureza, as outras espécies…

E a imagem do solitário cientista militar, que a despeito de ter perdido a família em virtude da peste continua a lutar e buscar a cura, o remédio milagroso – evoca qualidades que continuamos a ter, mas que, num mundo tão materialista e ligado em dinheiro, pressionado pelo relógio e em busca de produtividade infinita – parecem irreais e distantes…

Os problemas percebidos e que tornam o filme uma produção menos qualificada do que poderia ser referem-se ao fato que o filme é curto demais, parece queimar etapas e tem algumas seqüências simplificadas e que forçam a barra (como o trecho em que o personagem de Will Smith é salvo dos demônios das trevas pela revelação brasileira Alice Braga).

Se não fosse por esses problemas, certamente poderia ser melhor… Mas é um bom programa, ainda assim. Pode ser visto sem problemas. É, no entanto, mais um filme-pipoca, não esperem mais do que isso… (Apesar de que isso é o que, na maioria das vezes, desejamos).

Por João Luís de Almeida Machado

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