Cinema de qualidade, alto nível, “cabeça”… Assim pode ser descrito o suspense dirigido pelo talentoso Kenneth Branagh [que não atua, apenas está por trás das câmeras] e estrelado pelas feras Michael Caine e Jude Law. De um lado temos o veterano Caine como um escritor de best-sellers, lido por milhões de pessoas e que, como resultado de seu talento literário, tem dinheiro de sobra para o resto de sua vida e mais trinta anos, como dizemos no interior de São Paulo. Do outro, o jovem ator protagonizado por Jude Law, bonito e talentoso mas que ainda não teve a chance de ouro que todos atores almejam obter para chegar ao estrelato.
Entre eles há uma mulher [que não aparece], a esposa devassa do escritor, descrita ao longo da trama como uma devoradora de homens, infiel assumida e que, apesar disto, ainda assim, é amada [e igualmente odiada] pelo marido rico e famoso. Law é o amante assumido, que vai a casa do marido traído em busca da carta de alforria de sua conquista [ou será o contrário]. Ele apenas quer que o escritor assuma o divórcio e dê a mulher traidora o direito de viver com quem quiser, neste caso, com o próprio personagem de Law.
Seria simples assim se fosse um filme convencional. Talvez um romance impregnado de ciúmes e traição, com alguém extrapolando os limites e cometendo um crime… Poderia ser também uma história de benevolência e compaixão, com o escritor não apenas assinando o divórcio mas também se tornando um mecenas que reconhece o talento do jovem ator e o patrocina até o estrelato. Mas não é nada disso…
Um jogo de vida ou morte é um embate entre dois homens que se ferem a todo o momento e se reconhecem como iguais, apesar das disparidades evidentes nas vidas que levam. Não apenas a mulher os aproxima, mas a crueza e o talento, a inteligência e a propensão a violência, o destempero e o gosto por jogos que terminam não com um vencedor, mas com um sobrevivente…
Direção segura e competente de Branagh, atuação soberba do veterano Caine e do jovem e ascendente Jude Law… Um filme para ser sorvido aos poucos, com atenção, aproveitando cada gole como se fosse o último…
Por João Luís de Almeida Machado
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