Para sempre Alice (EUA/França, 2014)


No meio da apresentação falta uma palavra... A experiente e conceituada professora universitária balbucia e para, buscando o vocábulo que daria continuidade ao raciocínio em construção. Diante dela um grupo de professores e estudantes da UCLA. Depois de alguns segundos ela substitui o termo que de súbito havia faltado e elabora uma frase que soluciona imediatamente o problema e que ainda descontrai o público. 

Estudiosa da área de construção de palavras, especialista da prestigiosa Columbia University, de Nova York, a doutora Alice Howland conclui o evento reconhecida por seus estudos, saberes e habilidade na comunicação dos conhecimentos pesquisados por ela. Aos 50 anos de idade é profissional de sucesso, com livros publicados, feliz em seu casamento e com os filhos já crescidos em busca de seus sonhos pessoais. 

O esquecimento daquela palavra, incomum para uma pessoa tão ativa intelectualmente, que regularmente pratica esportes e se encontra em boa forma física, além de se alimentar de forma saudável, passou despercebido para todos, exceto para a própria Alice. 

Se divertir jogando em seu celular, com a filha mais velha, jogos de palavras, exercício a mais em seu cotidiano movimentado é um meio que ela encontrou para aumentar o vocabulário e ampliar ainda mais seus horizontes.


Quando esta situação de esquecimento começa a se agravar, com a perda temporária de rumo numa de suas corridas, Alice percebe que precisa de ajuda e procura um neurologista. O diagnóstico precoce do especialista é o de que a professora universitária, contrariando as expectativas para alguém de sua idade, tem o Mal de Alzheimer. 

Caso raro mas passível de acontecer por conta de herança genética, o diagnóstico de Alzheimer pode ser devastador para uma pessoa, ainda mais para quem vive da memória, a estudar, a pesquisar e a lecionar, como é o caso de Alice. 

“Para sempre Alice”, dos diretores Richard Glatzer e Wash Westmoreland, com Julianne Moore em brilhante atuação que lhe rendeu o Oscar, contando com apoio de elenco qualificado com nomes como Alec Baldwyn, Kate Bosworth e Kristen Stewart, coloca as emoções do público a prova, levando muitos às lágrimas. 

É, no entanto, uma lição de amor e de superação, na medida do possível para quem sofre desta enfermidade e para todos aqueles com quem convive. Dotada de recursos e ferramentas que a auxiliam na luta contra a progressiva perda da memória, Alice resiste o quanto pode e, nesta trajetória, vai nos mostrando o quanto somos frágeis e o que realmente importa em nossas vidas, em relação a qual tantas vezes dedicamos nossas energias em certas ações e projetos deixando de lado pessoas e realizações que nos fariam muito mais felizes.



Há no filme também a preocupação de mostrar o quanto uma doença grave como o Mal de Alzheimer modifica o cotidiano familiar sem deixar de enfatizar, no entanto, que acima de qualquer coisa, deve prevalecer o sentimento forte que une as pessoas quando uma delas mais precisa, como no caso de Alice. Sensível, triste, cheio de esperança em alguns momentos, com atuações destacadas, especialmente a inspirada performance de Julianne Moore, 

“Para Sempre Alice” é um filme que precisa ser visto e revisto para que saibamos melhor o que é o Mal de Alzheimer mas, principalmente para que nos dediquemos mais as pessoas que significam tanto em nossas vidas.


Por João Luís de Almeida Machado

Comentários