Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, EUA/1989)



Inspirador. Apaixonante. Dramático. Um filme simplesmente inesquecível. Quando converso de cinema com as pessoas, é comum que me perguntem qual é o filme de que mais gosto. Assim como todos os outros, é difícil dizer tendo em vista a profusão de títulos e produções muito interessantes e enriquecedoras. Mas entre todos as produções pela qual tenho especial afeição, não tenho dúvidas em apontar "Sociedade dos Poetas Mortos", do diretor Peter Weir (responsável por outras pérolas como "A Testemunha" e "O Show de Truman") como o meu favorito.

É certo que o fato do protagonista ser um professor ajuda, mas não explica totalmente. Robin Williams no papel de John Keating vai além da simples idéia de lecionar. Ele inspira a vida de seus alunos. Mais longe ainda, diria, quer fazer diferença, marcar presença, ser uma pessoa que os ajudou a ir além. Crê, firmemente, que o papel da educação é o de emancipar, de dar asas, de permitir vôos, de alimentar e possibilitar sonhos. Trabalha no intuito de permitir que seus jovens alunos, vistos pelos demais professores como mero repositório de conteúdos programáticos necessários para sua formação, sejam livres pensadores...

Sempre sonhei com isto. Acalentei desde o princípio de meus passos como educador, como meta real a ser atingida, a possibilidade de tornar meus alunos, pessoas livres, capazes de pensar por si próprios, de escolher entre as várias opções e caminhos, idéias e propostas, que a vida lhes oferecer. Trabalhei (e continuo nesta trilha) sempre no sentido de fazer com que todas as ferramentas que possuo e que vou conhecendo e utilizando ao longo do caminho possam fazer parte, também, do arsenal de meus pupilos. Tenho obtido vitórias e, é certo, algumas derrotas ao longo desta viagem. Mas nunca desisti!

Creio que é isto que me liga ao filme "Sociedade dos Poetas Mortos" e que me faz acordar a cada dia, mais forte e confiante na possibilidade de novos êxitos, ciente das dificuldades, problemas e pequenas derrotas que acontecerão.

John Keating e seu "Carpe Diem" atestam, ao longo do filme, que há muito mais que trabalho no horizonte (sem desprezar, jamais, a importância daquilo que é prático e que constrói o mundo em que vivemos). Com este professor, aprendemos que é preciso soltar a voz, gritar mesmo em alguns casos, buscando ser ouvidos. Dizer a que viemos. Porque estamos aqui!

Ver o professor Keating alertando os alunos que não é possível medir o valor da poesia como se medem canos ou pedindo a eles que rasguem a introdução do livro de literatura que irão utilizar já que a interpretação do autor pouco ou nada acrescenta ao fundamental no estudo da poesia, que é a sua apreciação e livre compreensão, concatenada pela ação do educador e aberta a participação dos demais, deveria não apenas divertir, mas verdadeiramente inspirar.

Sim, palavras e idéias podem mudar o mundo. É certo também que não há fórmulas definitivas e que tudo pode ser construído e desconstruído a partir de nossas iniciativas pessoais e grupais. Mas precisamos encontrar a força que existe dentro de cada um de nós para conseguir dar os necessários passos rumo a autonomia. Palavra forte que em muitos casos é conhecida apenas a partir de definições que constam em dicionários e não pela vivência da mesma...

O brilho nos olhos daqueles jovens estudantes do filme de Peter Weir já foi visto por mim inúmeras vezes e, lhes digo, não há nada no mundo tão sensacional quanto perceber que eles estão caminhando ou já atingiram a liberdade de pensar por si próprios. O caminho não é fácil e, até mesmo isto, é mostrado em "Sociedade dos Poetas Mortos". A compreensão daquilo que se quer fazer para atingir tal maturidade nem sempre existe. Há reações, pois o que se espera da escola e dos professores, é que façam sempre "mais do mesmo", só para lembrar outro rebelde, o músico Renato Russo.

Os pais esperam que seus filhos tenham aulas regulares - e neste pacote, esperam os mesmos métodos e práticas com os quais foram educados. A sociedade mudou. As crianças e jovens são outras. Os tempos atuais tem diferentes e novas exigências. E não me refiro aqui a questões de mercado de trabalho apenas... Autonomia, altivez, clareza de pensamento, postura, cidadania, ética, honestidade e capacidade de se articular quanto aos pensamentos, demonstrando não apenas conhecimento, mas também originalidade, é o que surge da ação de Keating (Robin Williams) no filme. Mais do que nunca é o que sempre, pessoalmente, busquei. E hoje, novamente mais do que nunca, é o que o mundo realmente necessita...

Por isso "Sociedade dos Poetas Mortos" (1989), ambientado numa escola norte-americana dos anos 1950, destinada apenas a garotos, é tão atual. Um clássico. Imortal!

"Oh Captain, my Captain!"

Por João Luís de Almeida Machado

Comentários

  1. Cara, eu assisti esse filme. Ele é muito fera. Apresenta uma excelente filosofia e de maneira muito envolvente.
    Parabéns por ser um "Keating", admiro muito essa característica em meus professores. Recentemente até fiz um comentário no meu blog sobre dois deles que são muito especiais. Vale lembrar que não temos a escola e os professores a vida inteira, então recaímos na velha parabola bíblica do "ensinar a pescar".
    Abraços!

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  2. João Luís de Almeida Machado25 de setembro de 2009 às 04:15

    Oi Giovane, jovem e já com essa maturidade, parabéns pela compreensão não só do filme, mas da vida e da importância que as pessoas (como os professores que mencionou), têm em sua vida. Vou dar uma passada pelo seu blog! Abraço.

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