Michael Jackson - This is it (EUA, 2009)

Mais que um astro, Michael Jackson era um artista completo. A despeito de qualquer circunstância de sua vida pessoal que possa ainda gerar controvérsia, "This is it" traz a tona o perfeccionista, o "showman", o "gentleman" Jackson. Dirigido por Kenny Ortega, responsável pelos filmes da série "High School Musical", fenômeno musical do gênero teen produzido pela Disney, o filme traz os bastidores da produção que iria iniciar-se em julho de 2009, na Inglaterra, com ingressos esgotados para todas as suas 50 apresentações previstas.

E mesmo em se tratando de uma produção constituída por sequências selecionadas da pré-produção do espetáculo, fica para o espectador a grandeza do rei do pop, astro maior do showbusiness, falecido precocemente aos 50 anos de idade.

Acompanho a carreira de MJ desde Thriller, como já pude relatar em outro artigo, elaborado quando de seu falecimento em 2009. Muitos acreditam que aquele álbum, sua turnê, músicas contidas naquela produção (como Thriller, Beat it, Billie Jean...) e sua performance como cantor e dançarino são inigualáveis. São constantes os relatos de especialistas no mundo pop a afirmar que depois de Thriller, Jackson nunca mais voou tão alto em sua carreira, apesar dos sucessos emplacados posteriormente, como Black or White, Bad, Heal the World e, mesmo, We are the World, música criada em prol das pessoas pobres do mundo inteiro em que Michael reuniu a nata da música internacional e destinou os fundos obtidos para o auxílio a instituições de apoio e combate a desigualdade social no mundo.

Mas "This is it", o filme, veio a tona, para a felicidade não apenas dos fãs confessos do artista. É um documento precioso para entender como funciona o showbusiness norte-americano, de que forma se organiza um grande espetáculo como aquele que podemos ver apenas pelos ensaios e, acima de tudo, o artista na composição de sua obra. 

Michael Jackson não era apenas o cantor e dançarino que subia aos palcos e encantava multidões. Era um verdadeiro mago de sua arte, a acompanhar todos os detalhes da produção, orientando os músicos, definindo as coreografias, estabelecendo novos padrões de dança e música, trocando ideias com os produtores, dando sugestões o tempo todo sobre figurinos, iluminação, efeitos especiais, vídeos a serem apresentados durante o show... Não me lembro, sinceramente, de ter visto artista tão sintonizado com sua realização no mundo do entretenimento.

Salta aos olhos sua determinação e qualidade artística inigualável. Igualmente se destaca por sua gentileza com todos os que participam do trabalho. Dos dançarinos selecionados entre os melhores do mundo, passando pelos músicos de alto nível que o acompanham, atingindo os produtores e técnicos que estavam criando todo o encantamento da produção, o que se vê não é um astro da música mundial que trata os demais com reservas e estrelismo (como tantos outros muito menores, alguns até irrelevantes, costumam fazer) e, sim, com educação, simpatia e reconhecimento por seu esforço.

Demorei um certo tempo para assistir "This is it", talvez esperando uma produção um tanto quanto oportunista em virtude da morte do astro. Me surpreendi porque o filme traz um recorte da vida de Jackson que reforça a imagem de um astro bastante humano, gentil, doce e, ao mesmo tempo, de um profissional maduro, com a música e a dança em seu sangue (ao vê-lo dançar e cantar pensamos que tudo é bastante fácil e natural para ele), com ideias claras a respeito do que queria trazer para seu público, que mensagens pretendia divulgar com sua música, vídeos, danças... Só consigo comparar a grandeza de Jackson a outros imortais da música, como Elvis e os Beatles, cada um com seus méritos, estilos, conquistas e arte própria, genuína, encantadora.

Ao assistir "This is it" cheguei a conclusão de que se trata de um filme valioso a nos mostrar porque o mundo ficou mais triste e pobre sem Michael Jackson...

Por João Luís de Almeida Machado